figuras-na-paisagem-vistas-de-dentro-para-fora
Figuras na Paisagem

VISTAS DE DENTRO PARA FORA
curadoria de Maria de Fátima Lambert


28 Set'24 ▷ 16 Fev'25

COM — Albano Afonso — António Olaio — Engrácia Cardoso — José Almeida Pereira —  Paulo Brighenti — Rita Carreiro —  Rita Magalhães — Sofia Pidwell — Sofia Torres —  Zulmiro de Carvalho


Dez artistas reinventam modos estéticos de como se olham figuras ao contemplar composições bi e tridimensionais onde residem figurações de seres imaginários, antropomórficos e zoomórficos. Seres que emergem da história da arte europeia e do Brasil, comprovando-se que o pensamento artístico é indomável e não se conclui nunca. Seres e figuras enredam-se em nós, próximos ou distantes, familiares ou desconhecidos, tal como os vemos, aqui e ali, neste caso, a passearem-se nos jardins, no parque, nos caminhos da Quinta da Boa Vista - Fundação Gramaxo.

As obras contemporâneas em Figuras na paisagem vistas de dentro para fora afirmam-se em proximidade às salas habitadas pelas peças da Coleção de Maria de Fátima Gramaxo, curadoria do Arquiteto Álvaro Siza Vieira. O diálogo com a coleção estreita-se nesta curadoria que se integra na programação expositiva para 2024. Assume-se na forma de díptico, sendo cúmplice e projetando-se, na sequência e/ou confronto às Cores vistas de dentro para fora.

Entre os artistas presentes nesta mostra, as gerações incentivam conversas entre si e connosco, desafiando distintas tendências artísticas e linguagens estéticas.

O edifício do museu acolhe, pois, contrastes, estranhezas e belezas, pelo que suscita reflexões atuantes acerca da convivência de pessoas e ideias crono e georreferenciadas,  e ao contribuir para o desenvolvimento de rotinas culturais. Pensam-se as motivações e efeitos do colecionismo, auscultando afetos inteligíveis, seus gostos e para incentivo de fruições por parte da comunidade. Pondera-se até quanto a localização e o entorno – interior e exterior – potenciam e recriam a leitura das obras contemporâneas.

A grande entrée desloca-se no tempo, move-se dos jardins paisagísticos, entra no espaço arquitetónico, eivada de sabedoria e pela depuração concetual. Reencontra-se a historiografia da arte pelos enigmas e desafios. Trazem-se as imagens das figuras quase impercetíveis ou assertivas que se destacam nos ambientes pictóricos identificados em várias pinturas da coleção da Fundadora.

As figurações de pessoas e animais convivem nas respetivas composições, dissimuladas ou destacando-se entre ficções e realidades. Na poética de seres e espaços, vêem-se mitologias, imaginações e simulacros: as memórias antropológicas e estéticas são patrimónios atuantes. A diversidade e as tipologias dos objetos de arte clamam pela visão especular do presente, que reverbera em descobertas inesperadas e sublimes. — Maria de Fátima Lambert