DOMINGOS ALVÃO - UM OLHAR SOBRE A REGIÃO DOS VINHOS VERDES
Curadoria de José Augusto Maia Marques
A Região Demarcada dos Vinhos Verdes pela lente de Domingos Falcão no contexto do foco de programação Histórias em Tons de Verde.
Esta exposição, que é também uma oportunidade para homenagear Domingos Alvão, um dos maiores fotógrafos portugueses do século XX, reúne fotografias com os temas: monumentos, trabalhos da vinha e usos e costumes. O tema subjacente é retratar a Região Demarcada dos Vinhos Verdes num momento fundamental da sua história vinícola: do Estado Novo. As fotografias expostas fazem parte da coleção encomendada pela Comissão de Viticultura a Domingos Alvão, destinada ao levantamento de paisagens, práticas e costumes vitivinícolas do Minho e Douro Litoral entre os anos 30 e 40 do século XX. O Vinho Verde impõe-se como um produto de marca de uma região. É um património ambiental, social e cultural que necessita ser preservado e divulgado. A CVRVV possui um valioso espólio fotográfico.
Esta seleção é, por isso, um elemento fundamental do foco HISTÓRIAS EM TONS DE VERDE.
Domingos do Espírito Santo Alvão. Nasceu no Porto em 1869, no Campo da Regeneração, no seio de uma família da nova burguesia. Iniciou a sua atividade na Casa Biel (de Emílio Biel), e, depois de um breve estágio por Madrid, entra como operador-gerente para o estabelecimento do capitalista Leopoldo Cyrne, o Foto-Velo Clube, situado na rua de Santa Catarina, n.º 120. Em 1903 estabelece a sua própria casa no Velo-clube, que passaria então a chamar-se «Fotografia Alvão». Apreciado por fazer a simbiose entre um quadro pictural e um documento etnográfico naturalista, Domingos Alvão foi galardoado com vários prémios entre 1914 e 1936, entre os quais se salienta a medalha de prata na Feira Internacional de Leipzig, em 1914, pela sua participação na representação portuguesa e viu a sua obra editada em diversas publicações da época, como a Ilustração Portuguesa ou a Gazeta das Aldeias. Além de ter sido o fotógrafo oficial das grandes empresas e instituições e do próprio Estado, é considerado um dos maiores fotógrafos do século XX. Nas suas imagens utiliza o grande plano como enquadramentos médios e aproximados, numa ótica de retratismo/documentarismo muito em voga na época. Do vasto trabalho que produziu, como fotógrafo oficial de grandes empresas e instituições e do Estado, a obra Portugal merece especial destaque, editada em 1934, um ano antes de receber a comenda de Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo.